Dia 31 de outubro é comemorado o Halloween, e muitas marcas não poupam referências fantásticas e assustadoras, com anúncios protagonizados por vampiros e outros monstros. Mas, enquanto o terror da comunicação acompanha o clima de entretenimento da data, os moradores da Terra Indígena Yanomami vivem um verdadeiro filme de terror.
No território indígena, foices, armas e motosserras perpetuam o avanço do garimpo ilegal que devasta a floresta, polui os rios, traz doenças e transforma a vida dos Yanomami e Ye’kwana em um pesadelo do qual eles não podem despertar.
Para chamar a atenção para essa situação dramática, o Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana lança hoje “Yanomami: uma história de terror”. O filme, criado pela Wieden+Kennedy São Paulo (assista aqui em primeira mão), pede ao espectador que assine a petição da campanha #ForaGarimpoForaCovid, cujo objetivo é retirar da Terra Indígena Yanomami mais de 20 mil garimpeiros, que estão disseminando a Covid-19 entre as aldeias.
“Você não pode dormir. Você não pode se esconder. Não ouse entrar no rio. Não adianta fechar a estrada. Não adianta se isolar. Não adianta rezar. Eles não vão parar. Eles vão continuar. Nem que eles tenham que destruir tudo”, narra, na língua Yanomami, o líder indígena Dário Kopenawa, diretor da Hutukara Associação Yanomami e porta-voz da campanha #ForaGarimpoForaCovid.
Dário Kopenawa conta que o filme é mais um instrumento para mostrar a realidade de sofrimento, ameaça, perseguição e destruição que as comunidades estão vivendo na floresta, agravada pela pandemia da Covid-19. “O mundo inteiro já conhece esses filmes do Halloween na ficção, mas hoje os povos Yanomami e Ye’kwana vivem esse pesadelo na pele”, afirma a liderança. “Queremos mostrar para a nova geração nossos problemas, como desmatamento, ameaças de morte, violação dos direitos dos povos indígenas, da cultura, costumes, rituais e tradições. Então, estamos pegando esse barco da festa do Halloween para mostrar para o Brasil e para o mundo o perigo que estamos vivendo”, completa Dario.
Segundo dados da Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, até o fim de outubro foram confirmados 1.201 casos, 9 óbitos e 13 óbitos suspeitos pelo novo coronavírus. Calcula-se que mais de 10 mil indígenas estejam expostos à doença, ou seja, quase metade da sua população.